A mãe da goiana Maísa da Rocha, de 23 anos, viveu momentos de desespero com a prisão equivocada da filha na Espanha. A jovem, confundida com outra garota por ser ruiva, foi acusada por pessoas da vizinhança de ter
tentado sequestrar uma criança de 5 anos em um parque, na cidade de Oviedo. Marleny da Rocha Gomes afirma que sempre soube que a filha era inocente.
"No início, como eu sabia que ela não tinha feito nada, eu fiquei tranquila. Eles deixaram ela ligar pra mim da cadeia e ela disse que ia ter que ficar lá, porque estavam acusando ela de ter tentado sequestrar uma criança, aí eu entrei em desespero”, lembra.
O
g1 não conseguiu contato com a polícia da Espanha para mais informações sobre o crime. Em nota, o Itamaraty disse que não pode fornecer informações sobre a assistência a cidadãos brasileiros.
Maísa foi presa em casa, em um domingo, no dia 7 de outubro. Em entrevista ao
g1, a mãe da jovem conta que ficou muito assustada com a situação, pois todos estavam descansando e jamais esperavam por uma visita da polícia espanhola.
“Num domingo, o único dia que a gente tem para descansar, você acorda com alguém tocando a campainha e se depara com a polícia, que está vindo buscar sua filha. Ela estava de pijama, precisou trocar de roupa porque estava dormindo. Foi levada para cadeia por uma coisa que ela não fez. Foi desesperador!", lamenta a mãe.
Durante o momento da prisão, Maísa negou qualquer crime e tentou argumentar, dizendo que na tarde em que o caso aconteceu ela estava em casa, gravando vídeos com a irmã. As gravações, segundo a jovem, comprovam que ela não tem ligação com o caso.
Mesmo assim, a brasileira foi levada para a delegacia. Lá, a avó da criança e outras duas pessoas reconheceram a brasileira como suspeita do crime. “A avó da criança foi quem denunciou. Depois a mãe da criança, que nem estava lá, disse que fui eu. Depois, uma mulher que tem um estabelecimento aqui perto, ligou para a mãe da criança e disse que tinha sido eu”, lembra Maísa.
A brasileira passou quatro dias presa. Só foi solta depois que uma garota ruiva procurou a polícia e disse que ela era a pessoa que tinha discutido com a avó da criança e que a situação era um mal entendido, porque ela também não queria raptar o menino.
Marleny e as duas filhas são naturais da cidade de
Itapuranga, no noroeste de Goiás, mas se mudaram para a Espanha com Maísa em busca de condições melhores de vida. Durante esse tempo, a mãe conseguiu trabalhos de diarista, enquanto Maísa trabalhava como garçonete e ajudava em casa.
Depois da prisão, a jovem perdeu o emprego.
Em um vídeo, Maísa contou que
se surpreendeu com a acusação, pois todas as mulheres são vizinhas dela e a conheciam o suficiente para saber que ela não havia feito nada.
“Eu moro no mesmo bairro há 6 anos e na mesma casa há 3, ou seja, são pessoas que me conhecem, sabem muito bem quem eu sou [...] Às vezes parece que foi tudo calculado, mas com que intenção eu não sei”, desabafou Maísa.
Brasileira foi solta, mas celular segue apreendido
Apesar de Maísa ter sido solta após o relato da outra garota ruiva, o celular dela continua apreendido com a polícia. A situação é incômoda para toda a família por diversos motivos, entre eles o fato de que a jovem usava o aparelho para conseguir trabalhos.
"Se já foi esclarecido, porque não devolvem o telefone da minha filha? Se quisessem investigá-la pelo telefone já teria dado tempo, porque eles estão há quase dois meses com o telefone dela. A gente ainda tá pagando esse telefone. Minha filha não consegue falar com as pessoas que conseguiam trabalhos pra ela. A gente fica angustiado, sem saber o que fazer", desabafa Marleny.
A diarista diz que se encontrou com advogados na quarta-feira (29). Eles explicaram que o pedido de liberação do aparelho já foi feito e a previsão é de que devolvam até o Natal.