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06/10/2020 às 11h35min - Atualizada em 06/10/2020 às 11h35min

MP pede adequações no estatuto da Afipe para evitar extinção da entidade suspeita de ter dinheiro desviado

MP apura se dinheiro de doações foi usado para comprar bens como fazendas e casa na praia. Entidade afastou investigados e contratou auditoria externa para analisar contas.

O Ministério Público sugeriu na segunda-feira (5) que a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) faça adequações em seu estatuto para se adequar às leis vigentes e evitar a extinção da entidade. Uma investigação apura a suspeita de desvios dentro da instituição para compra de fazendas milionárias e casa na praia.

A Afipe foi fundada em 2004 pelo padre Robson de Oliveira e é responsável pela administração do Santuário Basílica de Trindade, na Região Metropolitana. O objetivo é ajudar nos trabalhos de evangelização da igreja. Segundo o MP, a entidade movimentou mais de R$ 2 bilhões em nove anos, mas há a suspeita de que R$ 120 milhões foram desviados. O padre Robson sempre negou irregularidades e se afastou do cargo para colaborar com as investigações.

Parte do dinheiro deveria ser usado na construção da nova Basílica, que foi avaliada inicialmente em R$ 100 milhões, mas que, atualmente, tem previsão de custar R$ 1,4 bilhão.

A Afipe informou que a reunião foi um pedido da própria entidade para que a nova diretoria pudesse apresentar as primeiras ações tomadas. “Estamos aqui para entender o que houve e contribuir. Também estamos fazendo a nossa parte. Contratamos uma auditoria externa independente que começou a trabalhar nesta segunda, 5, que vai avaliar todas as informações da entidade. O que tivermos certeza e for comprovado, vamos informar a todos, Ministério Público, Justiça, imprensa, sociedade, nossos devotos e tomar as providências necessárias para cada fato”, disse padre André, novo presidente da Afipe, em uma nota.
 

Na reunião, o Ministério Público pediu providências emergenciais na associação para que a gestão se adeque ao que estabelecem as normas. A promotora Fabiana Lemes Zamalloa do Prado disse que há inúmeras ilegalidades já apuradas e, caso não sejam tomadas as medidas necessárias, a entidade pode ser extinta.

O Ministério Público informou ainda que vai encaminhar um ofício ainda esta semana, dando um prazo de dez dias, para que a Afipe aponte as adequações que foram feitas. O objetivo é preservar as atividades sociais feitas pela entidade, garantindo também transparência e fiscalização.
 

Desde que assumiu a Afipe, no dia 9 de setembro, o padre André Ricardo adotou algumas medidas para colaborar com as investigações e tentar conter supostos desvios de dinheiro. Entre as ações estão a troca dos membros da diretoria que são investigados pelo MP e rescisão de contrato com uma assessoria contábil, apontada como integrante do esquema.

Além disso, foi contratada uma auditoria externa para analisar as contas e movimentações financeiras da Afipe desde sua fundação.

O MP informou 70% dos documentos já foram analisados e cerca de 90% das testemunhas já foram ouvidas e algumas delas, apontadas como laranjas no esquema criminoso, alegaram não saber que os nomes eram usados de forma irregular. Padre Robson ainda não foi ouvido pelos promotores.
 

Operação Vendilhões

 

O MP fez a Operação Vendilhões no dia 21 de agosto. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Afipe e endereços ligados ao padre Robson de Oliveira. Entre os itens recolhidos estão documentos, equipamentos eletrônicos, moedas internacionais e até uma caneta espiã.

Segundo os promotores, entre os bens comprados com o dinheiro desviado estão um avião, uma casa na praia em Guarajuba (BA) no valor de R$ 2 milhões e mais de 50 fazendas, uma delas avaliada em mais de R$ 90 milhões.
 

Entre as movimentações listadas também estão a compra e venda de rádios e transferências financeiras a empresas de comunicação e imobiliárias. Algumas das empresas funcionam no mesmo endereço, em um prédio de luxo de Goiânia. Os promotores acreditam que postos de combustíveis eram usados para a lavagem de dinheiro.

O Ministério Público investiga os crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, sonegação fiscal e associação criminosa.

 

Padre nega irregularidades

 

Em um vídeo gravado um dia após a operação do MP, o padre disse que todas as doações foram “empregadas na própria associação Afipe em favor da evangelização”.

Os advogados de defesa do religioso apontam ainda que todos os negócios feitos tiveram o objetivo de aumentar os lucros da associação.

Ele pediu afastamento da Afipe e a Arquidiocese suspendeu os direitos do padre para realizar celebrações.

Fonte: G1Goiás


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