O jovem preso suspeito de matar a gerente de um hipermercado Fernanda Souza Silva, 33 anos, passeou em um shopping de Goiânia com a ex-mulher e os filhos horas depois de queimar e enterrar o corpo dela, segundo o delegado Antônio André. Em depoimento à corporação, Alan Pereira dos Reis, 22, - que está preso - confessou o crime e disse que cometeu o homicídio porque a vítima teria chamado os filhos dele de "bastardos".
"Cerca de três, quatro horas depois de voltar do local onde deixou, incendiou e enterrou o corpo, ele buscou a ex e os dois filhos que tem com ela, foi ao shopping. Fizeram compras, compraram brinquedos e tomaram açaí", contou. Segundo a polícia, Alan ainda não tem advogado.
Fernanda, que morava em Bela Vista de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia,
ficou desaparecida por uma semana até seu
corpo ser encontrado em uma região de mata entre Caldas Novas e Piracanjuba - no sul do estado.
Segundo a Polícia Civil, a ex-mulher do investigado foi localizada no final de semana e interrogada. Neste depoimento, ela disse que achou estranho o jovem tê-la buscado de carro, já que ele nunca tivera um veículo, e que viu vestígio de sangue.
"Ela disse que lembra de sentir cheiro de sangue no carro e, quando um melão que eles haviam comprado rolou no chão, ficou com pequenas marcas de sangue", completou o delegado.
Também em depoimento, a ex teria dito à corporação que Alan tinha um temperamento violento, mas não relatou agressões físicas.
Desaparecimento e relação
A denúncia de desaparecimento foi feita pela família da vítima e pelo próprio namorado dela na última sexta-feira (14).
Já na ocasião, o delegado disse que o jovem apresentava informações confusas. "No primeiro depoimento ele chegou a dizer que haviam terminado e que teria visto ela com outro homem perto do cemitério", completou.
Segundo Antônio, os dois estavam juntos há cerca de 20 dias.
"Ele disse que se conheceram em um ônibus que vai de Bela Vista de Goiás a Goiânia. Depois a procurou de casa em casa no bairro que ela disse que morava e eles começaram um relacionamento amoroso", disse.
De acordo com o delegado, ao denunciar o desaparecimento da gerente na Polícia Civil de Bela Vista, foi pedido a ele que não viajasse e mantivesse o celular ligado.
"No sábado [15] ele já não nos atendia. Ele comprou roupa na Região da 44 e pegou um ônibus em direção ao Pará, onde ele tem família. No caminho, em um ônibus no Tocantins, ele foi preso por estar usando um documento falso", explicou.
Conforme a delegada Cybelle Tristão, o documento foi alterado para constar a foto dele, mas era de uma outra pessoa que o havia perdido. A corporação ainda apura como ele conseguiu o documento e sabia as senhas dos cartões da vítima para conseguir usá-los.
A delegada, que é a responsável pela Regional de Aparecida, contou que ainda não está definido o tipo de crime pelo qual ele responderá. As investigações continuam para identificar se ele a matou para ficar com o carro e dinheiro dela, ou se pelo motivo fútil da suposta ofensa aos filhos dele.
Corpo enterrado
A Polícia Civil disse que o namorado da vítima, preso suspeito do crime, indicou o local onde deixou o corpo, achado pela corporação no final da noite de quarta-feira (19).
A perícia recolheu o corpo e roupas que estavam no local e encaminhou tudo ao Instituto Médico Legal (IML) para análise.O casal teria discutido, a mulher teria sido morta ainda em Bela Vista da Goiás.
A Polícia Civil disse que o jovem confessou ter matado a gerente na noite do último dia 13 de fevereiro e levado, na mesma noite, o corpo dela para o local em que foi encontrado.
"O corpo que está ali realmente é o da Fernanda. Ele a levou para a zona rural de Bela Vista, deu um mata leão nela, a sufocou. Na hora que ela apagou, ele finalizou com uma paulada", explicou o delegado Antônio André Santos Júnior.
Também de acordo com ele, o preso confessou ter voltado ao local do crime um dia depois. "Ele voltou ao local, cavou cerca de 40 centímetros e enterrou o corpo", disse.
Durante depoimento ao delegado, o suspeito também contou que cometeu o crime por impulso, que foi um ato não planejado.
"Ele confidenciou que foi tomado por um sentimento de ódio profundo, que o capeta atentou ele e que cometeu esse ato bárbaro", acrescentou Antônio .
Desaparecimento
Segundo a família, Fernanda desapareceu no último dia 12. Ela saiu do trabalho em Goiânia e voltou para Bela Vista de Goiás. Câmeras de segurança registram o carro passando por uma rua. Depois, saiu novamente e não foi mais vista.
A família chegou a receber uma mensagem do celular de Fernanda na quinta-feira (13) dizendo que, caso ela não atendesse às ligações, é porque o aparelho estava com problema.
No entanto, os parentes acreditam que não foi ela quem enviou a mensagem. Desde então, a mulher não usa mais as redes sociais.
O carro da vítima foi encontrado abandonado em uma região de mata ainda em Bela Vista de Goiás. Durante as investigações, os policiais também
encontraram um pedaço de madeira, sangue e fios de cabelo que estão sendo analisados para saber se são ou não da gerente.
Prisão do namorado
O então namorado de Fernanda foi preso na terça-feira (18) suspeito de elo com o desaparecimento. O rapaz foi encontrado em Marianópolis do Tocantins, na região oeste do estado, quando apresentou uma CNH falsa.
Mesmo assim, ele foi identificado por causa de uma tatuagem. Policiais de Goiás foram buscá-lo no Tocantins.
Fonte: G1Goiás