Passado o primeiro mês do ano,
os 20 clubes que disputarão a Série A do Brasileiro nesta temporada apresentam quase 1 bilhão de Euros referente ao valor de mercado dos atletas no elenco. Os números são apontados pelo Transfermarket, site especializado em transferências, que faz a cotação em Euro.
Mas quem é o dono do plantel mais valioso na elite nacional? De Flamengo e Grêmio, isolados no topo do ranking, a Sport e Atlético-GO, brigando na parte de baixo da lista, as cifras do campeonato escancaram uma realidade discrepante.
Entre o primeiro e último colocado, há uma diferença de 136,50 milhões de Euros, que equivale a cerca de R$ 648 milhões. Vale ressaltar que, caso existisse uma equipe avaliada na cifra correspondente à essa diferença, ela ainda estaria em segundo na lista, atrás do Rubro-negro carioca em valor de mercado. Disparado em primeiro lugar,
o elenco do Flamengo inicia 2020 representando a somatória dos últimos sete colocados no ranking, que equivale a 136,15 milhões de Euros. Entre Flamengo e o último colocado, Atlético-GO, a distância de realidade é recorrente. Nos últimos dez anos, o mais próximo que estiveram um do outro, em relação ao valor do plantel, aconteceu em janeiro de 2011: tinham uma diferença de 14,6 milhões de Euros. As equipes eram avaliadas em 28,4 milhões e 13,8 milhões de Euros, respectivamente. Na época, ambos os rubro-negros haviam disputado a Série A no ano anterior, com o Fla terminando em 14º e o Dragão em 16º.
Em 2020, a diferença entre os valores das duas equipes atinge a maior cifra registrada pelo Transfermarket na última década. Em relação ao Sport, que aparece em 19º colocado na lista, o período em que a distância se comparada ao Flamengo esteve menor aconteceu em fevereiro de 2015: eram 13,2 milhões de Euros. O Leão tinha uma equipe avaliada em € 17,9 milhões, enquanto o Rubro-negro carioca,€ 31,1 milhões. Naquele período, quando disputava a Série A pelo segundo ano consecutivo, o Sport iniciava uma crescente em relação ao valor de elenco, que se encerraria ao fim de 2017. As cifras costumavam oscilar ao término das temporadas, quando parte dos atletas saía em negociação com outros clubes. Caso, por exemplo, de nomes como Diego Souza, André e Hernane Brocador, que deixaram o clube após o 6º lugar no Brasileiro de 2015.
Nesta temporada, o Leão trabalha com receitas menores em relação a outros anos na elite. Uma realidade que, como explicita o técnico rubro-negro, Guto Ferreira, faz com que a briga no mercado por atletas se torne mais complexa para as equipes de menor renda.
“A gente sabe o que está fazendo. A diferença de um bom trabalho para um não tão bom, é que um consegue acertar mais do que errar, se você tem uma condição de investir na frente. Porque muitos dos meus acertos foram impedidos. Na hora que eu vou competir na contratação, eu não tenho o dinheiro necessário para trazer aquela peça que o outro tem dinheiro. Por exemplo, Charles (volante) fez uma competição espetacular (em 2019) e foi parar no concorrente direto, que é o Ceará, que teve dinheiro para investir. Isso faz parte do contexto do futebol.” Ainda que o Ceará esteja a frente do Sport em valor de elenco nesta temporada - são 5,05 milhões de Euros a mais -, as equipes partilham de uma realidade semelhante quando se observa o recorte do Nordeste. Isso porque,
com quatro clubes na elite - contando com Fortaleza e Bahia -, a soma do valor de mercado dos times da região ainda estaria em 6º lugar no ranking, atrás de Flamengo, Grêmio, Palmeiras, São Paulo e Corinthians. Quando se compara à somatória de outras regiões, o cenário segue o mesmo.
Em relação ao sul, por exemplo, que disputa o Brasileiro com a mesma quantidade de equipes (quatro), o Nordeste está avaliado em 129,45 milhões de Euros a menos. Somente a diferença entre as duas poderia, mais uma vez, estar em segundo lugar no ranking. Ou seja, ainda ficando atrás do Flamengo.
Vale ressaltar que,
no cenário regional, o Bahia que garante maior parte do valor acumulado. Com um elenco avaliado em 28 milhões de Euros, a equipe está quase dez milhões a frente do Ceará, em segundo no Nordeste, com € 19,60. O que mostra que, mesmo os clubes originados da mesma região, enfrentam obstáculos financeiros entre si.
A discrepância, no entanto, vai além do limite por região. Neste início de temporada, por exemplo,
os quatro clubes que subiram da Série B no fim do ano passado estão entre os cinco elencos com menor valor de mercado: Bragantino, Coritiba, Sport e Atlético-GO. Mesmo o time paulista, vale lembrar, sendo o destino de um investimento milionário desde o início de 2019.
Com a promessa de aumentar o valor em receita na Série A para a casa dos R$ 200 milhões, a tendência é de que exista uma possibilidade de o valor do plantel da equipe crescer.
Mas enquanto não há esta mudança de cenário, juntos, eles contabilizam uma somatória de 58,5 milhões de Euros (equivalente a cerca de R$ 277 milhões). Se somado os valores dos quatro elencos, a cifra ficaria com a sétima posição no ranking, atrás de Flamengo, Grêmio, Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos. Dos clubes considerados do G-12 no futebol nacional, somente Internacional, Atlético-MG, Fluminense e Vasco ficariam atrás.
Fonte: GloboEsporte