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21/11/2019 às 14h35min - Atualizada em 21/11/2019 às 14h35min

Veterinária que aparece em vídeo sendo espancada por personal trainer se emociona em audiência: 'Queria me matar'

Ex-namorado, de 33 anos, confessou o crime e responde ao processo em liberdade. À época, vítima disse que só sobreviveu por interferência de um policial, que presenciou a agressão, em Goiânia.

A veterinária de 33 anos que aparece em um vídeo sendo espancada pelo ex-namorado Murilo Morais Segurado, que é personal trainer e tem a mesma idade, se emocionou durante depoimento em audiência de instrução do caso, nesta quinta-feira (21), em Goiânia. O homem chegou a ser preso, mas atualmente responde em liberdade. Ao relatar sobre o ocorrido, a mulher preferiu manter o anonimato, chorou e disse que ficou chocada ao ver as imagens da própria agressão.
“No vídeo que eu vi a força que ele usava. Ele queria me matar (começa a chorar). Eu nunca imaginei passar por uma situação dessas”, desabafou.
A audiência foi presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, que também foi o magistrado que aceitou a denúncia contra o réu. Na sessão, também foram ouvidos, além da vítima, testemunhas e o próprio réu.
Murilo foi o último a ser ouvido. Ele confessou que agrediu a então namorada, mas negou que teve o intuito de matá-la e, por isto, não acha justo responder pelo crime de tentativa de homicídio. O réu afirmou que está arrependido, “tem vergonha” do que fez e consciência das agressões. Ele alegou que os golpes ocorreram porque a mulher ofendeu a mãe dele.
“Em nenhum momento passou pela minha cabeça, jamais tive a intenção de matá-la. Não é da minha índole, do meu caráter. Estou muito arrependido, perdi a cabeça”, diz.
“Ela jogava as frustrações dela em mim. O laboratório dela não teve êxito e ela queria que eu fizesse um mestrado para aliviar ela. Na discussão, ela começou a ofender a minha mãe, que é professora. Ela disse ‘sua mãe que se dane’. Veio a ira e eu agredi ela”, completou.
A vítima foi espancada no dia 28 de agosto. De acordo com o processo, os dois tiveram uma discussão por motivo banal e Murilo foi até o apartamento da namorada dizendo que queria conversar. Os dois entraram em um carro para ir a uma igreja, mas continuaram brigando.
O vídeo registra que a mulher desceu do automóvel. Em seguida, o personal a seguiu e começou a dar socos e chutes, mesmo com a vítima já caída no chão. A agressão só parou quando um policial que passava pelo local prendeu o réu (veja acima).
Durante a audiência, a mulher contou o que lembra da agressão.
“Ele me batia na cabeça. Parece que eu não estava ali. Só minha alma. Ele não parava. Ouvi um senhor gritando: ‘Você vai matar ela! O senhor vai matar ela!’. Então ouvi um tiro, e as agressões pararam”, recordou-se.
Murilo foi preso em flagrante e, durante a audiência de custódia, também realizada pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, a prisão foi convertida em preventiva. No entanto, cerca de um mês depois, a Justiça determinou a soltura dele, que vem respondendo ao processo em liberdade desde então.

Sequelas

A vítima disse ainda que ficou cinco dias internada em um hospital após as agressões e relatou ter ficado com sequelas após o ocorrido, além de ter a vida desestabilizada.
“Eu fechei a minha empresa. Quebrei o braço, passei por uma cirurgia e coloquei duas placas e sete parafusos. O exame constatou que eu perdi a força e a sensibilidade deste braço. Já fiz mais de 40 sessões de fisioterapia”, contou.
Ao ser questionada sobre o que sentiu após Murilo ser solto, ela disse que tem medo do ex-namorado e que chegou a pensar em se mudar para o interior para morar com os pais.

Relação 'instável'

A veterinária contou que namorou o personal por quatro anos e que chegou a pensar em casar, apesar de dizer que a relação entre eles era “instável”. A mulher relatou que Murilo já havia tido reações violentas ou inesperadas duas vezes.
“Ele explodia, aumentava o tom de voz, gesticulava. Em duas situações eu fiquei chocada. Na primeira, eu disse que queria terminar, e ele começou a chorar. Ele disse que, se eu terminasse, ele iria pular da sacada do apartamento, no terceiro andar. Chegou a colocar uma das pernas para fora”, disse.
“Na outra vez, eu estava na cozinha de casa, e ele pôs a mão no meu pescoço e me jogou contra a parede”, completou.

Testemunhas

Uma das testemunhas ouvidas foi o marceneiro Seleon Messias, que ajudou a veterinária logo após as agressões. Ele disse que estava atendendo a um cliente na região e notou a discussão entre o casal, seguida do espancamento.
“Comentei com minha esposa que o casal ia brigar e, logo em seguida, ele deu um tapa nela. Eu assustei porque ele era enorme. Então comecei a gritar e socorri ela. Foi quando o policial chegou, se identificou e pediu para ele parar. Como não parou, ele deu um tiro para cima”, relatou.
Já o policial civil Aurélio Augusto de Sousa Dias, que estava à paisana no local e realizou a prisão do personal, contou que sacou a arma e pediu, em vão, por várias vezes, para que ele parasse.
“Avisei que era policial, mas acho que ele nem me ouviu. Efetuei um tiro para cima e falei que o próximo seria nele. Ele saiu correndo e eu fui atrás dele, esperando cansá-lo para fazer a rendição dele. O que mais marcou foi ela caída e ele chutando o rosto dela”, detalhou.
Já a testemunha de defesa, Nubia Carla de Oliveira Macedo, disse que se espantou com a atitude de Murilo, pois ele nunca aparentou ser violento. Eles se conheceram na igreja há cerca de dez anos.
“Como membro da igreja, eu fiquei chocada. Um homem tão amável, carinhoso, excelente caráter. A gente ficou chocada pelo ato em si”, afirmou.
A mulher alegou que não defende a atitude do personal, mas que não acha justo que ele pague por um crime mais grave daquele que cometeu. “Ele sabe o que fez e está arrependido, sabe que errou. Ele não quis matar ela. Dá para ver que ele sofre”, opinou.
 
Fonte: G1Goiás
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