Destakinews Publicidade 728x90
25/10/2019 às 14h46min - Atualizada em 25/10/2019 às 14h46min

Pesquisadores usam 'biogel' para limpar pedras atingidas por óleo em praia no Grande Recife

Produto foi desenvolvido por equipe pernambucana. Fórmula usada em termelétricas foi adaptada para atuar no petróleo e pode ser usada em pessoas e animais, segundo estudo.

Areia, pedras, animais. O óleo que vem atingindo o litoral nordestino não só deixa fragmentos depois de retirado, como parece “agarrar” em alguns locais. O trabalho de limpeza das pedras de Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho, ganhou a ajuda de um "biogel", desenvolvido por uma equipe do estado, que facilitou a retirada da substância. “Ele é um produto totalmente biodegradável. Uma ONG fez um teste ontem [quinta, 24] com o nosso produto em animais e se surpreendeu com o resultado. A gente pode usar nas rochas, nos animais e nas próprias pessoas que estão manuseando esse óleo”, afirmou a professora e doutora em Química, Leonie Asfora Sarubbo.
A pesquisa foi iniciada há 20 anos por um grupo do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco. Há três anos, os pesquisadores conseguiram produzir um biodetergente, que está sendo usado em usinas termelétricas.
Quando o óleo começou a surgir no Nordeste, o grupo começou a analisar como adaptar a solução para esse caso. Dez cidades pernambucanas foram atingidas pela substância, desde o dia 17 de outubro. Até a quinta (24), foram 1.358 toneladas de resíduo retiradas do estado, segundo balanço divulgado pelo governo.
“Esse óleo [que chegou à costa] é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, que são compostos de carbono, e tem uma densidade muito elevada, é bem viscoso. Então, é muito fácil grudar na pele e os produtos de limpeza normais, como detergente, não conseguem limpar”, explicou o engenheiro químico Hugo Moraes.
O "biogel" é uma espécie de detergente natural, que atua “quebrando” a cadeia de hidrocarbonetos em pedaços menores, segundo os pesquisadores. Com isso, o óleo fica mais fluído.
“A partir do momento em que ele fica mais fluído, se ele entrar em contato com a água, com o solo, a própria natureza e micro-organismos podem fazer essa degradação. Nós estamos ajudando eles a degradar esse óleo, sem usar produtos nocivos”, detalhou a engenheira ambiental Nathália Padilha.
A pesquisadora garantiu que o produto final após a utilização do biogel não causa danos para a natureza.
“Esse é um produto desenvolvido ao longo de mais de 20 anos. A gente teve que adaptar por conta das características desse óleo que chegou aqui na praia. É um produto que tem base natural, não vai impactar de maneira alguma. A gente está com compromisso de ajudar, não de poluir ainda mais”, disse Padilha.
Após o teste dessa sexta-feira (25), os pesquisadores afirmaram que o produto está pronto para ser usado em todo o Nordeste.

Óleo em Pernambuco

Além do Cabo de Santo Agostinho, que recebeu o teste de limpeza de pedras, o óleo atingiu praias de São José da Coroa GrandeBarreirosTamandaréSirinhaémRio FormosoIpojucaJaboatão dos GuararapesPaulista Itamaracá.
As praias de Candeias e de Piedade, em Jaboatão, e a do Sossego, em Itamaracá, foram atingidas pela substância nesta sexta-feira (25), pela primeira vez desde que a substância voltou a aparecer no estado.
Do domingo (20) até a quarta (23), o Cabo registrou uma média de 35 pessoas atendidas diariamente em uma estrutura montada no litoral, com sintomas como dificuldade respiratória, dermatite de contato, ardência nos olhos e na garganta, segundo a superintendente de Saúde do município, Juliana Vieira.
De acordo com o coordenador de Emergência em Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde, George Dimech, os casos do Cabo já foram informados e devem ser formalmente notificados.
Em São José da Coroa Grande e em Ipojuca, outras 19 pessoas socorridas com sintomas de intoxicação devem ser acompanhadas pela Secretaria Estadual de Saúde, segundo boletim divulgado na quina (24).
Outras pesquisas
00:00/05:27
O petróleo cru, substância que foi encontrada nas praias do Nordeste, é o óleo bruto, produzido diretamente no reservatório geológico e posteriormente escoado para uma refinaria. Ele precisa ser processado para dar origem a subprodutos comerciais como gasolina, querosene, óleo diesel e lubrificantes.
Depois da coleta da água das praias atingidas pelo óleo no litoral pernambucano, a Agência Estadual do Meio Ambiente deve divulgar resultados em novembro. Os resultados do benzeno e dos hidrocarbonetos serão entregues em duas semanas, segundo o diretor de Controle de Fontes Poluidoras da Agência Pernambucana de Meio Ambiente, Eduardo Elvino.
Em Tamandaré e em Ipojuca, mergulhadores buscaram fazer um pente-fino para retirar resquícios de óleo do fundo do mar e também avaliam o impacto do desastre para os recifes de corais nas áreas de proteção ambiental. Os estudiosos buscam entender como o óleo vai afetar as espécies a curto e longo prazos.
 
Fonte: G1
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Destakinews Publicidade 1200x90