Imagens de câmeras de monitoramento registraram a caminhonete, que seria do major da Polícia Militar Cristiano Macena, perto da casa das meninas que foram sequestradas e estupradas em
Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Segundo a Polícia Civil, consta no depoimento das crianças que, enquanto eram levadas da casa da avó de onde foram sequestradas, sentiram que o veículo passou em alta velocidade sobre um obstáculo e bateram a cabeça no teto do veículo - que bate com a gravação
(assista acima). O major, que é comandante da Companhia de Policiamento Especializado de Rio Verde, foi preso na quarta-feira (23), na casa em que mora em Rio Verde, e levado para o presídio militar, em Goiânia.
Segundo o advogado dele, uma audiência de custódia está marcada para as 15h desta sexta-feira (25). O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) já pediu que a prisão dele seja convertida em preventiva.
A defesa do policial disse que não vai se pronunciar sobre o caso, por enquanto.
A gravação analisada pela Polícia Civil mostra o veículo passando rapidamente por um quebra-molas. Em outra imagem ele aparece virando à esquerda em uma rua pequena. A câmera mostra que a caminhonete passou pelo local na madrugada da terça-feira (22), às 3h30.
Registros policiais apontam que
as vítimas foram sequestradas, nesta data, da casa onde moram com a avó, levadas a um local ainda não identificado, estupradas e, horas depois, deixadas perto de uma escola.
A Perícia Técnico-Científica disse que encontrou fios de cabelo e marcas de dedos na caminhonete do PM. Esse material será analisado para saber se pertence às vítimas de estupro, como explicou o perito criminal Paulo Henrique Lima.
"As dimensões desse vestígio indicam que era uma mão infantil. Coletamos cabelos, marcas de sujidade e de engorduramento para enviarmos aos laboratórios para verificar o perfil genético. Se for compatível com o das vítimas [...], indica que elas estiveram naquela caminhonete", disse.
Crime e prisão
Conforme registros policiais, a avó foi amarrada no local e as meninas levadas em um carro. A princípio, a Polícia Civil acreditava que dois homens teriam cometido o crime, mas
a presença de um segundo autor foi descartada. Segundo a Polícia Civil, as vítimas disseram que o autor do crime usava uma meia-calça sobre o rosto para não ser reconhecido, mas que, por vezes, levantava-a e era possível ver a metade de baixo da cara dele.
O delegado regional, Carlos Roberto Batista, contou que o policial foi levado à delegacia e reconhecido pelas crianças e pela avó.
“As características físicas descritas pelas meninas batiam com esse policial. [...] Aqui na delegacia, as meninas o reconheceram com absoluta certeza, a avó o reconheceu sem dúvida alguma”, completou. Batista também comentou sobre as possíveis preparações e motivações do policial para cometer o crime.
"Existe essa possibilidade [de o PM ter premeditado o crime], porque ele participou de uma operação policial na casa das meninas no mês de agosto. Nós acreditamos que seja alguma perversão sexual", disse.
Por meio de nota, a Polícia Civil disse que foram "juntados indícios suficientes de autoria, tais como identificação do veículo utilizado como instrumento para a prática do crime e reconhecimento pelas vítimas".
O mesmo policial militar chegou a ser
denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), junto com outros 16, por tortura, morte e ocultação de cadáver. A denúncia é de janeiro de 2018, mas a vítima identificada no caso é Célio Roberto Ferreira de Sousa, que não foi visto depois de abordagem.
Fonte: G1Goiás