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01/10/2019 às 15h28min - Atualizada em 01/10/2019 às 15h28min

Outubro rosa foi o primeiro mês ‘colorido’ do ano

Já reparou que todo mês tem uma “cor”? É o Setembro Amarelo, o Novembro Azul, Janeiro Branco, Abril Verde, Maio Amarelo… mas o primeiro a “ficar colorido” e que ninguém esquece é o Outubro Rosa, que trabalha a prevenção contra o câncer de mama, uma doença que matou 16.137 brasileiras em 2017 (dado mais atualizado, conforme o Instituto Nacional do Câncer – INCA, do Ministério da Saúde). É o tipo de câncer que mais mata mulheres no mundo.

O médico José Clemente Linhares é chefe do Serviço de Ginecologia e Mama do Hospital Erasto Gaertner. Ele mostra que, lá no hospital, o câncer de pele sempre liderava a lista de tumores em mulheres. Em segundo lugar vinha o de mama.

Mas, de alguns anos para cá (conforme a última pesquisa quantitativa, feita entre 2010 e 2014 e é feita a cada cinco anos), este perfil mudou. Hoje, entre os tipos de câncer que acometem mulheres, o de mama está em primeiro lugar (24%). Em segundo lugar vem o câncer de pele (13%).

No entanto, a campanha Outubro Rosa já foi assimilada pelas paranaenses de uma forma que também fez reduzir o índice de mortalidade da doença. No estudo anterior do hospital, as mortes, ao final da primeira fase de tratamento, eram de 2,8% entre todas as pacientes diagnosticadas com câncer de mama (foram 3.063 entre 2005 a 2009).

Na etapa seguinte do estudo, os óbitos caíram para 1,9% (de um total de 3.170 casos de tumores de mama diagnosticados entre 2010 e 2014). No Erasto, explica Linhares, são diagnosticados cerca de 40 novos casos de câncer de mama e outros ginecológicos, todas as semanas. E os de mama e o de colo de útero são os mais fáceis de detectar em estágio inicial.

Quanto antes, melhor

Conforme o relatório do Erasto Gaertner (que está publicamente disponível no site da entidade), um tumor de mama diagnosticado ainda em estágio inicial (até dois centímetros) traz 91,4% de chances de sobrevida. Em estágio 2 (tumor de 2 a 5 centímetros), essa sobrevida ainda é alta, de 81%. No estágio 3 (mais de 5 centímetros), ela cai para 61%. E no estágio 4 (quando há metástase, ou seja, espalhou-se para outros órgãos do corpo), a chance de sobrevida é de apenas 17%.

“O leigo consegue detectar um tumor que tenha a partir de 1,5 ou 2 centímetros.

O médico consegue detectar a partir de 1 centímetro mais ou menos. Mas o que a gente espera é detectar antes do tumor ser palpável no autoexame, através das mamografias anuais. Mesmo assim, não quero desestimular nunca o autoexame, visto que em 10% dos casos o tumor é palpável, porém não aparece na mamografia”, analisa o médico, que alerta que toda mulher deve ir anualmente ao ginecologista para fazer os exames preventivos.
Quando começar?

O autoexame das mamas deve ser feito a partir dos 20 anos e a mulher apalpa as mamas mensalmente, sete dias depois do início da menstruação (veja o infográfico). Já no caso da mamografia, ela é indicada para mulheres a partir dos 40 anos.

“O Ministério da Saúde diz que é a partir dos 50 anos, quando os casos de câncer de mama aumentam. Mas temos um estudo aqui no Erasto mostrando que a incidência da doença na faixa etária dos 40 aos 50 anos é de 30%.

E abaixo dos 40 anos a incidência é de 15%. Por isso aconselhamos o exame a partir dos 40”, diz o ginecologista.
Mas isso não significa que mulheres abaixo dos 40 anos também não possam fazer a mamografia, já que o câncer de mama costuma ser bem mais agressivo nas mulheres mais jovens.

Linhares explica que 90% dos casos de câncer de mama são esporádicos, ou seja, a paciente não tinha nenhum histórico de câncer ou de mutação de células na família. Já em 10% dos casos as pacientes tinham essa predisposição genética, ou seja, mães, avós ou irmãs que tiveram a doença.

“Se por exemplo a mãe teve câncer de mama aos 40 anos e a avó teve aos 38, nós sempre começamos a acompanhar esta paciente 10 anos antes da idade que a familiar dela teve a doença. Sempre balizando pela idade de quem teve mais cedo que as outras”, explica o médico. Mas, diz ele, cada caso tem que ser analisado individualmente.

Um exemplo de quem fez a retirada das mamas sem ter tido câncer foi a atriz Angelina Jolie. Como ela tem a predisposição genética na família e os exames detectaram que ela tinha a probabilidade alta de mutação celular, ela optou por retirara as mamas, trompas e ovários, o que a trouxe para um patamar alto de chances de não ter a doença, como sua mãe e sua avó.

Atenção que salva.

A história da dona de casa Cleide Maria Sismoto da Silva, 63 anos, mostra a importância dos homens também saberem diagnosticar o câncer de mama. No caso de Cleide, foi o filho dela, Cleiton, 34 anos, que detectou que ela tinha a doença.

Cleide conta que sempre foi muito reservada com o seu corpo. Nunca foi de trocar de roupa ou tomar banho na frente de ninguém. Mas num certo dia, enquanto ela tomava banho, seu filho Cleiton que teve paralisia cerebral ao nascer e hoje tem deficiências motoras, anda em cadeira de rodas sentiu vontade de fazer xixi. “Ele me disse que estava muito apurado e não conseguia segurar. Vi que não tinha jeito e deixei ele entrar.

Foi quando ele me disse ‘Mãe, eu não estou te cuidando não. Mas por quê o bico do seu seio está um para dentro e outro para fora?’. Eu nunca notado aquilo”, disse a dona de casa, que na hora se deu conta que estava com câncer.

“Eu já tinha visto na televisão sobre isto. Então quando eu vi o seio da minha mãe eu já imaginei que poderia ser câncer. Olha, isso é coisa de Deus, eu estar apurado daquele jeito, sem conseguir segurar o xixi, enquanto a mãe estava no banho. Nunca tinha acontecido antes”, analisa Cleiton.
Diagnóstico e cirurgia

Cleide foi no dia seguinte ao ginecologista, que já a mandou para uma ecografia. O exame detectou um tumor pequeno: 0,75 centímetro. Mas ela foi imediatamente encaminhada para o Hospital Erasto Gaertner. Menos de um mês depois ela foi para cirurgia, quando o tumor já estava com 4 centímetros e o médico extirpou a mama imediatamente. Depois ela passou por várias sessões de quimio e radioterapia.

Autoestima

Não foi só um dos seios que Cleide perdeu. A autoestima sumiu. Ela só conseguiu superar esta fase porque seu filho é quem a colocou de pé. “Eu fiquei sem chão. Recebi ajuda da minha mãe, da minha irmã e da minha filha. Mas foi o Cleiton que me deu força, dizia o tempo todo que eu ia superar. Aí eu notei que não é a doença que mata. É o psicológico. Por isso, para quem descobriu o câncer eu digo: não se entregue, porque é pior. Acredite na cura”, incentiva ela.

Alguém pode ajudar?

Cleide está muito feliz porque irá fazer a cirurgia de reconstrução de mama. Mas também receosa de que não consiga comparecer ao hospital no sábado, para quando está agendado o procedimento, porque não conseguiu ninguém para cuidar de seu filho.

Apesar de Cleiton ter certa independência, não realiza todas as atividades sozinho. “Eu já consegui uma conhecida, que vai faltar ao trabalho para me acompanhar na cirurgia, porque é obrigatório. Mas ainda não consegui ninguém para tomar conta dele. Se não, vou ter que desmarcar a cirurgia. E eu não sei o que vai ser depois também, enquanto eu estiver em recuperação”, diz Cleide.

Como fazer o autoexame?


 
Fonte : https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/curitiba/outubro-rosa-prevencao-cancer-de-mama-primeiro-mes-colorido/
 
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