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O pirarucu, um peixe gigante da Amazônia, já ocorre em rios de cinco estados fora de seu bioma

O pirarucu, um peixe gigante da Amazônia, já ocorre em rios de cinco estados fora de seu bioma

05/05/2025 às 09h46
Por: Redação Fonte: OCORREIO
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O pirarucu, um peixe gigante da Amazônia, já ocorre em rios de cinco estados fora de seu bioma
O pirarucu, um peixe gigante da Amazônia, já ocorre em rios de cinco estados fora de seu bioma natural. Além de São Paulo e Bahia, pescadores capturaram o peixão em águas de Minas Gerais e em rios do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
 
Os registros mostram que o peixe amazônico está se espalhando pelo país. Fora de seu habitat, a espécie, que atrai pescadores e turistas, é considerada exótica e põe em risco a fauna nativa. Em Minas, além do rio Grande, na divisa com São Paulo, houve registros do pirarucu no lago de Furnas, no município de Guapé, no interior mineiro.
 
O peixe amazônico invadiu também a bacia do Prata, no Pantanal, tendo sido encontrados exemplares nos rios Cuiabá e Paraguai. Há criações do peixe em cativeiro nessas regiões. O Paraguai é o principal rio pantaneiro.
 
No Mato Grosso, o peixe foi fisgado em rios que não compõem seu bioma natural, como o Teles Pires e o Juruena. Em 2024, a Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) deu aval à pesca do pirarucu nesses rios, onde este peixe é considerado exótico.
 
Na Bahia, o peixe gigante foi pescado este mês no município de Dom Basílio e no povoado de Pau d’Arco, em Malhada. Embora situadas na mesma região, no sudoeste baiano, as duas cidades ficam distantes 260 quilômetros — o que indica que o peixe pode ter se espalhado por rios da bacia do São Francisco.
 
O espécime maior pesou 87 quilos. Em Cardoso e Mira Estrela, cidades paulistas banhadas pelo Rio Grande e seus afluentes, a pesca do pirarucu atrai turistas e há relatos quase diários da captura de grandes peixes. A Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística), por meio da Diretoria de Biodiversidade e Biotecnologia, diz que a espécie é considerada exótica no Estado de São Paulo, o que caracteriza um risco para as espécies nativas. “Uma vez capturados, os peixes não devem ser devolvidos ao ambiente natural”, alerta.
 
A pasta recomenda o envio do pescado para cativeiros autorizados e instituições de pesquisa. A introdução de uma espécie não nativa, que se alimenta de outros peixes e de animais aquáticos, desperta a preocupação de pesquisadores.
 
O risco é de impacto na população local de peixes e no ecossistema aquático, já que, nesses rios, não há predadores naturais do pirarucu — como alerta a pesquisadora Lidiane Franceschini, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), campus de Ilha Solteira. Ela pesquisa a espécie e seu avanço em rios não amazônicos desde 2022, quando o peixão passou a ser pescado com mais frequência no rio Grande. “Na ausência de predadores naturais ou espécies concorrentes, o pirarucu pode causar a extinção local de espécies de peixes invertebrados e competir por recursos ambientais com outras espécies.
 
A presença dele pode causar a diminuição de espécies importantes para a pesca regional”, diz. Raro e gigante, o pirarucu (Arapaima gigas) é um dos maiores peixes de água doce do planeta, podendo ultrapassar três metros de comprimento e pesar até 200 quilos.
 
 
Com a coordenação da professora Lilian Casatti, Lidiane desenvolve um projeto de pesquisa para investigar as consequências da presença desse predador amazônico nas águas da região Sudeste. Até agora, o pirarucu tem sido encontrado principalmente entre as barragens da usina hidrelétrica de Marimbondo e da hidrelétrica de Água Vermelha, em um trecho de 120 quilômetros do rio Grande. Ela aponta que o pirarucu é uma espécie de perfil carnívoro generalista ou onívoro (come de tudo), que costuma ocupar o topo da cadeia alimentar. Uma vez introduzido no ambiente aquático, reverter essa situação é quase impossível, segundo a pesquisadora. “Atualmente, a principal medida de contenção dessas espécies é a liberação da pesca esportiva e artesanal profissional durante todo o ano, mas é medida insuficiente para conter essas invasões biológicas.”
 
À beira da extinção.
 
Nos anos de 1990, os cientistas que estudavam o pirarucu chegaram a vislumbrar a completa extinção da espécie devido à pesca descontrolada. O peixão vive em lagos da região amazônica e é raro nos cursos dos rios. Apesar de ter brânquias como os outros peixes, a espécie apresenta uma bexiga natatória modificada, o que faz com que os espécimes precisem subir à superfície da água em intervalos de dez minutos em média para respirar.
 
É quando se tornam presas dos pescadores, mas o hábito também serviu para ajudar o estudo e garantir a sobrevivência da espécie. O alerta se acendeu e vários projetos de pesquisa e de manejo sustentável passaram a desenvolver a criação sustentável do pirarucu. A ação mobilizou órgãos do governo, empresas e organizações ambientais com o objetivo de envolver as comunidades ribeirinhas, organizações de pescadores e povos indígenas no socorro ao pirarucu. Houve até casos de formação de sentinelas para vigiar os lagos e impedir a pesca predatória.
 
Um dos projetos, o Gosto da Amazônia, trabalha com o Coletivo do Pirarucu, uma organização que, desde 2018, reúne pescadores, representantes de organizações de base, técnicos de extensão, pesquisadores e agentes governamentais para fortalecer o manejo do pirarucu nas bacias dos rios Purus, Negro, Juruá e Solimões. O projeto tem ligação direta com restaurantes em algumas das principais capitais do país.
 
 
. A carne saborosa do peixe apelidado de ‘bacalhau brasileiro’ foi grelhada na manteiga de sálvia. Em 2022, a Asproc (Associação de Produtores Rurais de Carauari) conseguiu a abertura de um frigorífico na cidade para processar, embalar e comercializar a carne de pirarucu. As receitas vão diretamente para os associados, que fazem a divisão dos valores de acordo com as regras de cada comunidade. Atualmente, são mais de 2,5 mil famílias envolvidas no manejo do peixe.
 
Em fevereiro deste ano, o Ibama lançou o Programa Arapaima para estimular práticas comunitárias de proteção dos ambientes aquáticos onde ocorrem naturalmente as populações de pirarucu, bem como fomentar a organização coletiva dos pescadores envolvidos no manejo e apoiar a geração de benefícios socioeconômicos para as comunidades envolvidas na conservação dos ecossistemas de várzea amazônica.
 
Da época dos dinossauros. Embora as lendas amazônicas atribuam a origem do pirarucu a um índio perverso, castigado por Tupã e transformado no peixe de cauda avermelhada que vive nas profundezas das águas, o peixão é considerado um fóssil vivo.
 
Segundo o Portal Embrapa, o gigante da Amazônia já estava no planeta muito antes de surgir o primeiro ser humano e chegou a conviver com os dinossauros. Há registros de fósseis que datam de mais de 100 milhões de anos.
 
 
R7 – São Paulo | Do Estadão Conteúdo
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