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13/06/2019 às 14h29min - Atualizada em 13/06/2019 às 14h29min

Em parecer, relator prevê economia de R$ 913,4 bilhões em 10 anos; governo quer R$ 1,2 tri

Deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) iniciou leitura relatório nesta quinta-feira (13). Depois de concluída, será concedido prazo de duas sessões para parlamentares analisarem as propostas.

O deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da proposta de reforma da Previdência, apresentou na manhã desta quinta-feira (13), na comissão especial da Câmara criada para analisar o assunto, o parecer que flexibiliza a proposta enviada pelo governo Jair Bolsonaro.
O parlamentar tucano começou a ler o relatório às 12h59. Até a última atualização desta reportagem, ele ainda não havia concluído a leitura. Ao final da apresentação do relatório nesta quinta, será concedida a chamada "vista coletiva" – prazo de duas sessões para que os integrantes da comissão possam analisar o conteúdo do parecer.
As alterações propostas por Samuel Moreira no texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Previdência vão alterar a previsão de economia calculada pelo governo federal. Com base nas propostas originais da área econômica de Bolsonaro, a estimativa era de que a economia total pudesse chegar a R$ 1,2 trilhão em dez anos.
O relator informou que, com as mudanças que fez no texto do governo, o impacto fiscal da reforma da Previdência cairá para R$ 913,4 bilhões de economia em uma década.
Para atingir os R$ 913,4 bilhões em 10 anos, Samuel Moreira está sugerindo a inclusão na reforma previdenciária de um aumento na alíquota da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos dos atuais 15% para 20%.
A intenção do tucano, segundo ele relatou a líderes do Centrão nesta quarta-feira, é tentar recuperar parte da economia que será perdida na reforma com a flexibilização de pontos da proposta do governo Bolsonaro.
A taxa de 20% vigorou entre 2016 e 2018, mas deixou de ser aplicada em janeiro deste ano. Moreira argumenta que o fim da cobrança dessa alíquota adicional deve gerar uma perda de receita de R$ 5 bilhões para o governo em 2019.
Segundo os cálculos do relator, o aumento teria "potencial arrecadatório de aproximadamente R$ 50 bilhões, em valores atuais, nos próximos 10 anos".
Além disso, se a PEC vier a ser promulgada, o deputado tucano prevê uma receita extra neste período de R$ 217 bilhões com o fim da transferência de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O FAT é um fundo destinado ao custeio do programa do seguro-desemprego, do abono salarial e ao financiamento de programas de desenvolvimento econômico.
Se confirmada a receita extra, Samuel Moreira calcula que a proposta de reforma da Previdência pode gerar, em 10 anos, uma economia de R$ 1,13 trilhão aos cofres da União.
Por se tratar de uma mudança na Constituição, para ser aprovada no plenário principal da Câmara, a reforma precisará de, pelo menos, 308 votos dos 513 deputados, em dois turnos de votação. Depois, a PEC terá que ser aprovada em outras duas votações no Senado para que possa ser promulgada.
Mudanças que a PEC prevê
No relatório, Samuel Moreira mexeu em trechos da PEC enviada ao Congresso Nacional em fevereiro por Bolsonaro.
A flexibilização de pontos da PEC se deu para garantir votos do Centrão e, com isso, viabilizar a aprovação do relatório na comissão especial criada na Câmara exclusivamente para analisar a proposta.
Veja as principais mudanças que o relator fez no texto da PEC:
  • Retirada de estados e municípios da PEC da Previdência. Com isso, se esse ponto não for reinserido durante a tramitação da emenda constitucional, as eventuais alterações nas regras previdenciárias que vierem a ser aprovadas pelos congressistas não terão efeito sobre os regimes de aposentadoria de servidores estaduais e municipais. O relator destacou que os legislativos de cada ente federativo terão que aprovar regras próprias por meio de lei complementar;
  • Exclusão das mudanças propostas pelo governo na concessão da aposentadoria rural;
  • Retirada das alterações sugeridas pelo governo na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), uma ajuda paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a idosos e deficientes físicos de baixa renda;
  • Fim da chamada "desconstitucionalização da Previdência", que permitiria alterações nas regras por projeto de lei, sem necessidade de PECs;
  • Na versão original da PEC, havia sido sugerida a definição de uma idade mínima de 60 anos para professores, tanto do setor público quanto do privado, se aposentarem, independentemente do gênero. O relator alterou o texto original, criando uma diferenciação do tempo mínimo de serviço para mulheres. Samuel Moreira defende a redução da idade mínima para 57 anos para professoras se aposentarem;
  • Exclusão do regime de capitalização da PEC da Previdência. A capitalização é uma espécie de poupança que o trabalhador faz para garantir a aposentadoria no futuro, na qual o dinheiro é investido individualmente, ou seja, não 'se mistura' com o dos demais trabalhadores. O modelo atual é o de repartição, no qual quem contribui paga os benefícios de quem já está aposentado. A ideia da equipe econômica de Bolsonaro era de que a capitalização substituísse gradualmente o atual sistema. No entanto, a proposta foi alvo de duras críticas de partidos da oposição e, até mesmo, de centro. Um acordo entre líderes partidários assegurou a retirada deste item da PEC da Previdência. Porém, há a expectativa de que essa proposta seja reapresentada no segundo semestre em uma PEC separada. O objetivo é não inviabilizar a tramitação da proposta atual.

Acordo para leitura

Antes de Samuel Moreira iniciar a apresentação do relatório, o presidente da comissão especial, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), informou aos deputados que havia sido fechado um acordo com a oposição a fim de se evitar tentativas de obstrução (uso de dispositivos regimentais para tentar atrasar a tramitação da sessão) na leitura do parecer.
Em contrapartida, comunicou Ramos, o relator e os integrantes da base aliada do governo Bolsonaro se comprometeram a não impor uma data para a votação do relatório – oposicionistas não aceitaram o agendamento da votação para o dia 25, como chegou a ser sinalizado inicialmente nesta quarta (12) pelo presidente da Câmara.
A oposição cobrou a realização de sessões exclusivas para debater o texto de Samuel Moreira antes que seja colocado em votação no colegiado.
Assim que o presidente da comissão anunciou o acordo, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu a palavra para dizer que a bancada petista não teria participado das negociações.
A parlamentar afirmou que o PT discordava da apresentação do parecer nesta quinta-feira e pediu o adiamento da leitura do texto. O pedido de Gleisi, entretanto, foi negado pelo presidente da comissão.

Bate-boca

Antes da leitura do relatório, houve uma discussão acalorada entre dois deputados. O bate-boca ocorreu enquanto o deputado Henrique Fontana (PT-RS) criticava a proposta de reforma da Previdência.

Antes de Fontana falar, o líder do Novo na Câmara e aliado de Bolsonaro, Marcel Van Hattem (RS), ironizou, em tom de provocação, dizendo que o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), deveria abrir mão do regime especial de aposentadoria dos deputados federais, mais vantajoso do que o regime geral de aposentadoria do INSS.
Segundo relatos de deputados, após sua fala, Van Hattem se levantou e foi até Ivan Valente. Seguiu-se então um bate-boca entre os dois, fora dos microfones.
Ivan Valente ficou irritado com a pergunta e chamou o parlamentar do Novo de "moleque safado" e Van Hattem respondeu com "mentiroso". O bate-boca foi apartado pelos deputados que estavam no plenário da comissão.
Fonte:G1
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